quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Joãozinho, Pedrinho, Luizinho, Zezinho...

Casamento marcado. Um filho de cinco meses. Uma esposa de 22 anos. Um emprego de metalúrgico. Um passado bonito na Casa do Zezinho.

Um segurança preconceituoso. Um bate boca. Uma nota fiscal na mão. Um apelo. Um tiro. A morte.

Ele só comprava um colchão. Ele só queria casar. Ele só usava uma “roupa de trabalho”. Ele morreu.

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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Vida no lixo


A Cooper Glicério é uma cooperativa de catadores, localizada na Baixada do Glicério (próxima a Liberdade). O objetivo é promover a inclusão social de homens e mulheres catadores de materiais recicláveis.

A cooperativa é originária de um projeto socioeducativo denominado Recifran. Aos poucos, o grupo foi crescendo e em maio de 2006 virou a Cooper Glicério. Desde então, os catadores vêm buscando apoio do governo e de entidades não-governamentais.

Os materiais recicláveis chegam ao local por meio das doações de empresas, de cidadãos e da própria coleta dos catadores.

Os 35 cooperados já têm sentido os efeitos da crise norte-americana. Segundo o catador e secretário da Cooper Glicério, Sérgio Bispo, o valor do quilo de papelão caiu de R$0,35 para R$0,13 após a crise.

Com a baixa dos preços, as doações são ainda mais importantes para que esse trabalho continue. “Seria muito bom se todos pensassem em dar um destino final, um destino correto para os resíduos que são recicláveis”, disse Sérgio.

35 famílias vivem da coleta seletiva de lixo. Todos ganham por produção e a renda mensal pode chegar a até R$600,00. “Com a organização nós conseguimos muitas coisas. Muitos viviam em albergues ou cortiços, hoje vivem em um lugar melhor. O Movimento Social dos Catadores contemplou 90 catadores com casas que podem ser pagas em até 20 anos”.

Na cooperativa há também a coleta de óleo de cozinha usado. Esse é o produto mais lucrativo e mais fácil de comercializar. As empresas que compram esse óleo usado o transformam em biodiesel.

Em São Paulo são 20 mil catadores que abastassem as indústrias. 70% da matéria-prima que chega à indústria saí da mão dos catadores. “Nós somos fundamentais para essa cadeia produtiva, mas também os que ganham menos. Se nós somos os principais, por que nós ganhamos tão pouco?”, disse Sérgio.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Reciclar


Foto da Cooper Glicério, cooperativa de reciclagem.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Vó é mãe sem cobrança

Vó sempre oferece alguma coisa pra comer, mesmo que o almoço esteja no fogo. Se você aceita, ela nunca fala: “Depois não vai conseguir almoçar”.

Vó te dá dinheiro de aniversário e sempre diz: “Pra você comprar o que quiser”, aí vem a mãe e fala: “Agora vê se troca esse All Star velho” e a vó dá uma piscadinha que quer dizer que ela está do seu lado se você não trocar de tênis.

Vó não fala que ele não presta, empresta o colo pra chorar e diz: “Não é por causa de um soldado que acaba a guerra”. E se depois você volta com ele, ela nunca te julga.

Vó não dá sermão na feira quando você escolhe balas no lugar nos legumes. E deixa você comer antes de dormir mesmo que você já tenha escovado os dentes.

Vó entende sua preguiça depois do almoço mesmo que você tenha acabado de acordar.

Vó sempre guarda uma toalha, coberta e travesseiro, mesmo que há anos você não durma na casa dela.

Vó nunca fala: “Cansada? Por quê?”.

Vó nunca te acha corada o suficiente e o melhor: nunca te chama de gorda.

Vó de verdade é mãe sem cobrança.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Vende-se Ópio

Vivemos uma verdadeira Guerra Religiosa. Não estou falando de nada distante, de nenhum país do Oriente Médio. Estou falando do nosso país, da nossa cidade.

A liberdade religiosa se transformou numa verdadeira guerra. Igrejas se multiplicam na mesma proporção que as brigas pelo maior número de fiéis. Na Bíblia diz que onde estiver um fiel, Deus atenderá. Então o que justifica essa briga louca?

Nada contra o surgimento de novas religiões ou novos modos de ver as tradicionais. Não sou nenhuma conservadora e acredito que cada um tem que buscar a religião que mais se assemelhe ao seu modo de vida e demais crenças. Agora incluir em suas orações ofensas às outras religiões, isso já é apelação.

Fiquei sabendo que em um terreiro de umbanda a mãe de santo diz em todos os encontros: “Livrai-nos das orações dos evangélicos”. Esse pedido parece os que Silvio Santos faz em seus programas e intervalos comerciais contra a Globo.

Nem a antiga lição de que “religião não se discute” tem sido respeitada. Sempre tem alguém tentando convencê-lo a mudar de religião- se você tem uma e está muito bem- ou adotar uma- se você não tem e vive bem assim.

Já dizia Marx: “A religião é o ópio do povo”. O que ele não imaginava é que um dia muitas pessoas estariam interessadas a vender esse ópio. A liberdade religiosa é sim saudável, desde que isso não se transforme em negócio, briga por audiência e desrespeito.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Reflexão do dia 05 de agosto de 2008

Será que o trânsito tinha melhorado por causa do rodízio de caminhões, ou por que não chovia há mais de um mês?

Em São Paulo é assim: a Dna. Maria decide lavar a calçada de casa e o trânsito já piora!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Circuito de Corridas de Rua agita regiões afastadas da capital

A presença de projetos sociais eficazes nas regiões carentes da cidade de São Paulo ainda é rara. Por isso, quando há algum que merece crédito devemos divulgá-los. Tive acesso a um deles e preparei a matéria a seguir:

O Circuito de Corridas de Rua das Subprefeituras surgiu em uma parceria entre a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação e a Federação Paulista de Atletismo. O evento será realizado em 20 etapas e em todas as regiões contará com distâncias destinadas à corrida e caminhada.

O projeto surgiu com o objetivo de levar a corrida de rua para as regiões mais afastadas da capital. O crescimento da corrida de rua no Brasil e no mundo tem sido bastante significativo, mas um grande número de pessoas ainda não tem acesso a esse tipo de evento.

“A corrida de rua é uma das modalidades que mais cresce na cidade de São Paulo. Só nas provas apoiadas pela Secretaria de Esportes saímos de 11 em 2001 para 200 em 2008. O que nós observamos até 2007 é que a maioria das provas acontecia sempre nas regiões mais nobres da cidade. O Circuito de Corridas de Rua surgiu com o objetivo de oferecer os mesmos benefícios para as regiões periféricas, locais até então desprovidos desse tipo de evento”, explicou o secretário de esportes, Walter Feldman.

Uma das regiões que recebeu o evento foi o Itaim Paulista. Lá a etapa aconteceu no dia 06 de Julho e reuniu cerca de mil participantes. O objetivo foi levar o esporte para uma região marcada pela violência. “A região é conhecida como uma região de violência, somente de violência. E hoje esse evento prova que isso não é verdade. A nossa região é marcada por práticas esportivas e hoje a corrida vem coroar essa realidade que a gente já conhece”, afirmou o chefe de gabinete da subprefeitura, Rogério Nogueira Salgado.

Além da prática esportiva, o Circuito de Corrida de Rua objetiva a prevenção de doenças e promoção de saúde e qualidade de vida. “A idéia é sempre essa: fugir da idéia de tratar a doença e promover a saúde”, completou Rogério.

A etapa Vila Prudente, realizada no dia 20 de julho, teve, ainda, outro lado social. Isso porque os atletas doaram 2kg de alimentos no ato da inscrição que equivaliam ao pagamento das inscrições para a corrida ou caminhada. O número de inscritos no evento chegou a 1.500.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Polícia despreparada faz mais uma vítima

Mais um crime envolvendo uma criança chocou o país. Dessa vez, a vida foi tirada justamente pelo profissional que mais deveria zelar pela integridade física dos cidadãos comuns: o policial.

O garoto João Roberto (mais um João vítima da violência carioca) de apenas 3 anos foi assassinado no carro da família. Os policiais confundiram o veículo com o dos criminosos (que escaparam ilesos).

O carro da mãe de João era um Palio Weekend. O dos fugitivos, um Fiat Stilo. Os assassinos foram indiciados por homicídio doloso qualificado.

Esse é mais um dos casos que deixa claro o despreparo desses “profissionais”.

O mesmo noticiário que informou a morte do garoto trouxe mais três notícias de outros crimes envolvendo policiais. É de tremer de medo e indignação.

O governador Sérgio Cabral anunciou cursos dados pelo Batalhão de Operações Especiais (o Bope) para os policiais que atuam nas ruas. Mas o despreparo de homens como William e Elias (assassinos do garoto) não se restringe à falta de técnica e treinamento. O despreparo é, sobretudo, psicológico. E isso nem o capitão Nascimento pode resolver...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A nova de Chávez

Ao contrário do protagonista do seriado Chaves, o presidente da Venezuela sempre traz um episódio novo.

A nova de Chávez é a criação de um sistema de inteligência que torna a delação obrigatória. Todo cidadão é obrigado a colaborar com os espiões do governo. Quem não o fizer pode ser condenado a até seis anos de prisão.

A medida compromete ainda mais o que Chávez insiste em chamar de democracia. Essa rede de espionagem tem como objetivo identificar os cidadãos descontentes e abafar possíveis movimentos sociais contra o governo.

É de se estranhar, ou preocupar, que muitos governos vinculem a imagem de seus países (que tanto lutaram para conquistar a democracia) a governos como esse. E pior: não poupam elogios para esse Chávez que, infelizmente, também é um campeão de audiência.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Ajuda tardia

Mianmar foi atingido na madrugada do dia 2 por um violento ciclone, nomeado de Nargis. As conseqüências que os ventos de 190 quilômetros por hora trouxeram ao país são estarrecedoras. Nos dias posteriores ao ciclone as estimativas da ONU falavam em 100 000 mortos e 1,5 milhão de desabrigados, hoje, são estimadas 2,5 milhões de vítimas.


Como se não bastasse a angústia da perda de familiares e de suas casas, a população ainda sofreu com a má vontade de um regime autoritário e avesso a qualquer tipo de interferência internacional, mesmo que essa significasse a salvação de centenas de vidas.


Expostos ao risco de contaminação, com fome e sede os sobreviventes esperavam que as negociações enfim trouxessem ajuda humanitária. A resistência foi tão grande que a própria ONU chegou a suspender o envio de alimentos porque o Exército apreendeu os primeiros carregamentos e não distribuiu a comida. Diante de atitudes como essa não é de se estranhar que o ministro de Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, tenha falado em ajuda humanitária forçada.


A espera por ajuda acabou somente hoje (21 dias após a catástrofe) quando a Junta Militar de Mianmar foi convencida pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a aceitar a entrada de voluntários estrangeiros no país.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Vestibulares preparam lista de livros

Todo ano, vestibulares como os da Fuvest e Unicamp divulgam a lista de leitura obrigatória para quem vai participar das provas. Da relação constam livros da literatura clás­sica nacional e internacional.

Para muitos professores de língua portuguesa essa cobrança se faz necessária, pois a maioria dos alunos não tem hábito de ler. “Não gosto muito da idéia das listas obrigatórias. O ideal seria que os alunos lessem espontaneamente”, disse o professor de português do curso Objetivo Ícaro Luís Fracarolli Vila.

Outros mestres avaliam que a cobrança pode ser prejudicial para a formação de leitores. “Nem sempre colabora, pois se trata de algo pontual, de uma prova. Dessa forma, por vezes, o vestibular mais afasta do que aproxima os alunos da literatura”, afirmou o professor Ademir Barbosa Júnior, autor do livro “Segredos para o Vestibu­lando - do CDF ao ZEN”.

Mas Barbosa Júnior concorda que para alguns o resultado é muito positivo. “De qualquer ma­neira, existem boas descobertas feitas por esses estudantes. Alguns continuam a se aprofundar em determinados autores e tornam-se realmente leitores”.

Daniel da Silva Gomes, 17, é aluno do Cursinho Etapa e estuda para o vestibular de engenharia da USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas. Afirmou que leu os livros exigidos durante o ensino médio. “A maioria dos meus amigos tem opinião semelhante a minha, mas conheço pessoas que apreciam as obras e buscam ler outros livros dos mesmos autores”.

Já Paula Gea Zamp­ieri,18, não está preocu­pada com a lista da USP, em­bora ten­ha lido al­guns dos livros durante o ensino médio. Aluna do cursinho CPV, Paula prestará administração na FGV (Fundação Getúlio Vargas) e no Ibmec (Instituto Brasileiro de Mer­cado de Capitais). Para isso, tem lido os livros indicados por essas instituições. “No cursinho estamos lendo Gilberto Freyre, Caio Prado Jr. e Sérgio Buarque de Holanda”, afirmou.

A escolha dos livros que con­starão dos vestibulares também gera controvérsias. Os professores consideram boa a seleção. Afir­mam que nas listas está conden­sado o melhor da literatura. “É uma feliz coincidência. Apesar de ser obrigatória, os alunos têm acesso ao melhor da literatura”, disse o professor de português do curso Anglo Samuel da Silva.

Já a vestibulanda Paula acha que a lista deveria ser escolhida de acordo com cada curso. “Cada vestibular deveria cobrar assuntos pertinentes ao próprio curso que o aluno vai prestar. Com certeza eu iria banir livros como “Iracema” e lotaria o vestibular de Machado de Assis”, disse.

Muitos alunos consideram os livros cansativos. Por isso recor­rem a resumos encontrados na internet e nos próprios cursinhos e colégios. “Apesar de todo o es­forço dos professores, a maioria procura os resumos. Além disso, a globalização e o sistema educa­cional fizeram com que o gosto pela leitura diminuísse. Ler exige tempo. Por isso os alunos preferem os resumos que oferecem uma sín­tese do enredo, deixando de lado toda a beleza estética do texto”, afirmou o professor Ícaro.

O professor afirma ainda que as próprias provas permitem que os alunos recorram aos resumos. “Os vestibulares são culpados, pois preocupam-se em cobrar apenas o plano da história, deixando de lado o estético. Se o plano estético fosse cobrado, os alunos não teriam como deixar de ler as obras”.
*A matéria foi escrita para o Jornal Rudge Ramos

terça-feira, 29 de abril de 2008

Menina quase morta, sozinha


Desde que a menina Isabella foi brutalmente assassinada tento escrever sobre o assunto. Depois de muitas tentativas e de ler muitas coisas sobre o crime, achei um texto que passava sentimentos próximos aos que senti e ainda sinto em relação ao caso. O texto é de Lya Luft e foi retirado de sua coluna na Revista Veja.



Menina quase morta, sozinha

Por: Lya Luft



Como grande parte do país, acompanho obsessivamente o caso da menininha de 5 anos brutalmente maltratada, espancada, jogada no chão, esganada, e finalmente atirada pela janela como um gato morto. Corrijo: nenhum de nós jogaria pela janela um gato morto. Talvez um rato: se encontrasse um rato morto em minha casa, num gesto insensato eu o pegaria pela ponta do rabo e o jogaria pela janela (a minha também fica num 6º andar). Seria, além disso, mal-educado: não se jogam coisas pela janela de apartamentos. Nem menininhas, mortas ou vivas.

Escrevo aqui com o maior cuidado: não devo afirmar que pai e madrasta trucidaram a menina e se livraram dela como se fosse um pedaço de lixo. Para isso temos a polícia, num trabalho de primeiríssimo mundo. Então: alguém a espancou, atirou-a ao chão, talvez lhe quebrando ossinhos da bacia, e a esganou por três minutos. O termo "esganar" é meio antigo: como será apertar por três minutos o pescoço de uma criança de 5 para 6 anos? É difícil entender o tempo de agonia e dor de três minutos. Quem faz fisioterapia eventualmente é instruído: contraia esse músculo por vinte segundos. Tentem contar os 180 segundos que compõem três minutos de pavor.

Essa história terá sua explicação em breve. Mas quem cometeu essa bestialidade terá seu merecido castigo neste país das impunidades e das leis atrasadas e frouxas? Recentemente, aqui perto, um menino de 15 anos confessou na maior frieza o assassinato de dezessete pessoas. Quinze deles já foram confirmados. "Matei, sim." Talvez tenha acrescentado, num dar de ombros: "E daí?". Por ser menor de idade, como tantos assassinos iguais a ele, foi para uma dessas instituições de ressocialização nas quais não acredito para esses casos pavorosos. Logo estará livre para reiniciar com alegria sua atividade de serial killer. E, se perguntarem a razão, talvez diga como um jovem criminoso que assaltou um amigo meu: "Nada. Hoje saí a fim de matar alguém". Nossas leis vão finalmente, segundo entendi nas palavras do novo presidente do Supremo, ser realistas, graves, portanto justas? Eu quero mais: pena de morte para casos como os que citei, independentemente da idade. Pelo menos prisão perpétua, sem misericórdia. Quem cometeu o horrendo crime de São Paulo deve apodrecer numa prisão pelo resto de sua miserável vida.

A menininha atirada no minúsculo jardim de seu edifício, ainda viva, ficou ali por muito mais que três minutos. Imagino sua alminha atônita e assombrada, no escuro. Ainda presa ao corpo, ainda presente. Na loucura que o caso provoca, porque ela poderia ser nossa criança sobre todas as coisas amada, o que mais me atormenta é a sua solidão. Não a vi, em nenhum momento, abraçada, levada no colo por alguém desesperado que tentasse lhe devolver a vida que se esvaía, que a cobrisse de beijos, que a regasse de lágrimas, que a carregasse por aí gritando em agonia e pedindo ajuda. O que teria feito a pobre mãe se estivesse presente.


Estava ali deitada, a criança indefesa, como um bicho atropelado com o qual ninguém sabe o que fazer. Na nossa sociedade, em que as sombras mais escuras do nosso lado animal andam vivas e ativas, lá ficou, por um tempo interminável, caída, quebrada, arrebentada, e viva, a menina quase morta. Sozinha.







*Ilustração de Atômica Studio

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Eu escrevo cartas, e daí?

Com o advento da internet, o ato de escrever cartas deixou de ser hábito de grande parte da população. Porém ainda há pessoas que valorizam o encantamento da carta, composta por detalhes como um adesivo, uma cor de caneta diferente, um selo colorido ou um papel perfumado. É o caso de Doroti Francisca Rocco, psicóloga há dez anos, que prefere não divulgar a idade.

Nas horas vagas, Doroti fica dividida entre suas duas grandes paixões: a de fazer parte de um emaranhado de pessoas lotando as salas de cinema e a do prazer de escrever cartas. Mas, mesmo quando prefere assistir a um filme, Doroti não deixa de levar um bloquinho de papel e uma caneta para o caso de decidir escrever um bilhete.

“Eu sinto o carinho e o amor de quem escreveu a carta. No e-mail, não percebo tanta emoção. Sinto algo mais frio”, afirmou Doroti, que vai mais longe dizendo que o afeto ultrapassa a escrita da carta. “Até o prazer de ir à caixinha de correspondência ver se chegou algo é diferente do que ligar o computador e ver se você recebeu um e-mail. O ideal seria conciliar as duas coisas, o e-mail e o hábito de escrever cartas”.

Ao falar de seu hábito favorito, a psicóloga lembra do avô que gostava muito de escrever cartas e poesias e a incentivava. “Quando criança, ficava observando e foi assim que adquiri esse hábito e nunca mais parei”.

A psicóloga não é a única a cultivar esse hábito de escrever usando caneta e papel. O advogado Amadeu Armentano Neto, 58, também conserva com carinho sua caneta tinteiro e escreve com freqüência para familiares e amigos que moram perto ou longe. “A correspondência manuscrita permite uma maior proximidade e colocação. Você consegue transmitir as suas vibrações para o papel. A carta transmite o calor humano que o e-mail não consegue”, disse Armentano.

Na linguagem usada nas cartas dificilmente nota-se qualquer sinal gráfico ou abreviação, típicos da internet. “As pessoas trocam mensagens via e-mail de maneira abreviada e absolutamente inconseqüente. Isso para mim é um atalho que leva a lugar nenhum”, declarou o advogado.

Armentano também afirma incentivar seus filhos: “Em casa é quase uma tradição de família os pais deixarem uma carta para os filhos sempre que haja necessidade”.

Tanto a psicóloga quanto o advogado avaliam que o ato de escrever uma carta não irá acabar. Aconselham jovens e adultos a retomarem esse prazeroso hábito que, com o surgimento da tecnologia, foi deixado de lado. Para quem justifica com a correria do dia-a-dia o hábito de enviar e-mails, Doroti deixa seu recado: “Para quem gosta de escrever, sempre há um tempinho”.
*A matéria foi feita para o Jornal Rudge Ramos em parceria com a repórter Kelly Santos.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Português versus Internetês

Depois do português e do inglês, parece que chegou a vez do “internetês”, e para ficar. Desde a chegada da internet ao Brasil, em 1991, seus usuários passaram a usar códigos específicos para se comunicar. Esse usuário ganhou até um nome: internauta.

Essa comunidade passou a usar expressões e até sinais particulares como forma de transmitir um recado, via e-mail, por exemplo.

Recheado de abreviações, símbolos e expressões feitas a partir da união de teclas, esse modo de conversar contagiou os internautas e configurou uma maneira bem diferente de se comunicar.

Muitas vezes, quem está por fora desse meio fica sem entender o significado de alguns termos. Mas quem está acostumado a esse novo linguajar diz que isso permite a velocidade da comunicação.

É o caso do estudante do ensino fundamental William Maximiano, 13. “Fico na internet três horas por dia. Falando desse jeito (usando sinais e símbolos), converso mais rápido e todo mundo me entende”, relatou.

Mas tamanha mudança pode trazer alguns problemas. O internetês ainda não é aceito como linguagem formal e pode trazer complicações gramaticais. “Você”, na internet, virou simplesmente “vc”. O “não”, em vez de ficar abreviado, acabou se transformando em “naum”.

A auxiliar administrativa Roseane da Silva Vieira adota essa linguagem, mas admite que, em e-mails de caráter profissional, usa o corretor ortográfico do computador para eliminar essa “nova linguagem”. “Uso a verificação e quase sempre encontro erros por conta dessa linguagem, que é prática mas perigosa”, disse a profissional.

O internetês também causa polêmica entre lingüistas, pais e professores. Alguns consideram um retrocesso da Língua Portuguesa. Outros afirmam que variações na língua ocorrem de acordo com o período de transformações tecnológicas na sociedade.

“O internetês é mais uma variação da linguagem que nasceu para acompanhar uma tecnologia. Quando surgiu o telégrafo, uma linguagem foi criada para acompanhá-lo. Não há motivos para alarmismo”, afirmou o professor de português do Curso Anglo Eduardo Antônio Lopes. O lingüista Marcos Bagno, autor de “Preconceito Lingüístico, o que é, como se faz” (Editora Loyola), também não considera essa variação na comunicação um retrocesso da língua. “É mera questão ortográfica. Há centenas de anos, os anúncios classificados nos jornais usam abreviaturas e ninguém nunca chamou isso de "classificadês". Em ambos os casos se economiza alguma coisa. Na internet, se economiza tempo; nos anúncios, se economiza dinheiro”, explicou.

O livro de Bagno fala inclusive sobre o fato não existir uma forma apenas de falar a língua portuguesa, e que isso depende de vários fatores, inclusive regionais.

O professor Lopes, do Anglo, lembra ainda que a linguagem telegráfica influenciou muitas vanguardas européias e, posteriormente, brasileiras. O próprio escritor Oswald de Andrade valeu-se dos termos telegráficos em seus poemas.

Mas quando o internetês deixa os limites da rede e chega às salas de aula, começa a polêmica. Crianças e adolescentes passam tanto tempo em frente aos computadores, escrevendo de forma abreviada e usando sinais gráficos para demonstrarem seu estado de ânimo, que, ao desligarem a máquina, já não conseguem usar a norma culta da língua.

A professora de português do Colégio e curso Objetivo Maria de Lourdes da Conceição, a “Lu”, nota a presença da internet nas redações escolares. “Os vícios da internet são transferidos para a escrita formal. Cabe ao professor alertar, a partir da correção, que há um momento específico para se usar o internetês”.

Segundo a mestra, não há um modo de evitar o uso dessa linguagem. “Se fosse possível impedir a alteração da linguagem, ainda falaríamos latim, ou soltaríamos grunhidos dos homens da caverna. Claro que, em muitos casos, o internetês até parece uma linguagem pré-histórica, ‘naum axa’?”, brincou.

Bagno concorda com a tese da professora do Objetivo e reforça que a internet propiciou ao jovens um contato maior com a escrita. “Os professores devem estimular esse uso, porque nunca antes na história as crianças e adolescentes escreveram tanto”.

O professor Lopes defende inclusive que a linguagem da internet é mais pedagógica que a ensinada nas salas de aula, já que é absorvida com mais rapidez pelos alunos. Segundo o especialista, isso deve servir de reflexão para os professores de línguas.


* O texto foi escrito para o Jornal Rudge Ramos em parceria com Graziele Storani.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Funk no busão

Sempre fui muito curiosa. Desde criança. Faziam mil perguntas para meus pais. Quando aprendi a ler minha cabeça lotou de pontinhos de interrogação e minha mania de ler tudo começou. Lia tudo a minha volta. Papel de bala, cartazes na rua (naquele tempo eles ainda existiam), outdoors (Que Deus os tenha!), placa de vende-se e aluga-se, rótulo de shampoo. Nessas minhas nada seletivas leituras elaborava perguntas do tipo: O que é troca-se de óleo? E passe-se o ponto? Por que no ônibus está escrito ‘proibido o uso de aparelhos sonoros’?

Essa última pergunta, feita ao meu pai, foi respondida prontamente: “Para que ninguém ligue seu radinho Milton Neves e atrapalhe a viagem dos outros”. Mesmo com o pouco conhecimento de respeito e limites que tinha na época, achei uma resposta satisfatória e uma proibição relevante e observava que as pessoas a respeitavam.

Porém, hoje, não é isso que noto. As pessoas parecem querer mostrar o poder do rádio de seus celulares logo às 6h00 da matina. Todos os dias, sem exceção, presencio a mesma intrigante e até odiosa cena: pessoas de todas as idades tiram de seus bolsos seus celulares com potências maiores que de radinhos Milton Neves e sem qualquer respeito compartilha com todos seu ritmo de música preferido.

Se tiver um amigo ao lado o barulho é mais perturbador. Cada um quer mostrar suas músicas e toques de celulares. Não é mais possível meditar, ler um livro, cochilar sem ser perturbado por sinais sonoros de gosto duvidoso. E a plaquinha avisando a proibição desses aparelhos? Continua lá, esquecida, como a maioria das leis.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Erros e acertos na ótica da ética

A Veja da semana passada (edição 2052) trouxe em suas páginas amarelas uma entrevista com Marcílio Marques Moreira, ex-presidente da Comissão de Ética do governo Lula. Na entrevista, Moreira não critica diretamente o governo Lula, mas comenta a falta de ética dos ocupantes do Palácio do Planalto. “O presidente não é sujeito à competência da comissão, não dá para fazer considerações sobre ele. Mas posso dizer que a falta de sensibilidade ética é algo que permeia todo o antiplano do governo”.

A corrupção e os escândalos envolvendo o presidente também apareceram em vários momentos da entrevista. Ao ser questionado se a corrupção aumentou ou não no governo Lula, Moreira levantou a questão das expectativas e das promessas feitas pelo PT que não foram cumpridas. “(...) as expectativas éticas sobre esse governo eram muito grandes. O PT sempre foi muito identificado com o combate à corrupção e no poder deixou a desejar nesse aspecto”, completou.

O governo Lula ao manter (ou aumentar, como muitos acreditam) a corrupção no país e não punir os envolvidos pelo crime que cometeram a seus eleitores que confiaram em seu nome a representação de seus interesses, decepcionou toda a sociedade brasileira, até mesmo a parcela que já não acreditava em grandes evoluções de ética em Brasília.

Ao comentar a política externa, Marinho apontou as falhas do governo ao esquecer-se da parte norte do globo e priorizar o apoio a governos nem sempre comprometidos com a democracia.

O comentário final foi sobre um dos principais motivos da popularidade do presidente: a bem sucedida economia. “O sucesso da economia é a confirmação de que, quando uma meta é perseguida como política de estado, sem pecuinhas partidárias, ela produz excelentes resultados. O governo Lula deu continuidade a essa estrutura. Foi um dos seus principais acertos”, finaliza Moreira.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Pecados globais


Não é de hoje que a questão da poluição da Terra toma conta do cenário político- internacional. O protocolo de Kyoto, acordo internacional que objetiva a redução de gases poluentes, é só mais um dos exemplos de projetos que deram pouco ou nenhum resultado. Isso porque os maiores emissores de gases-estufa insistem em não ceder às taxas de redução alegando uma perda significativa dos lucros arrecadados nas indústrias.

Além disso, os governantes não estão dispostos a cuidar das riquezas naturais de seus próprios países e não fazem questão nenhuma de esconder essa escolha. Um exemplo recente disso foi a declaração polêmica do presidente Lula a respeito do constante e cada vez mais preocupante desmatamento da Amazônia: 'O que aconteceu, na minha opinião, eu não sou comunicador, posso estar errado... você vai no médico detectar por que você está com um tumorzinho aqui, e ao invés de fazer biópsia e saber como vai tratar, você já saiu dizendo que estava com câncer”.

A declaração vinda da boca do presidente que, por muitas vezes criticou o não cumprimento do Protocolo de Kyoto, é contraditória. “O dado verdadeiro é que o Protocolo de Kyoto não pode ser uma peça de ficção. É muito fácil assinar documentos e esquecer na gaveta”, disse. Além de suas críticas, o que o presidente também esqueceu é o fato de que apesar da maior parte da Amazônia situar-se no Brasil, sua destruição não afeta somente o país.

Deixando de lado Lula e seu “tumorzinho” e falando das novidades que envolvem as questões ambientais. O Vaticano resolveu incluir a poluição na nova lista de pecados. A medida visa atingir os fiéis que ainda temem os castigos divinos e mostrar que a igreja católica está se modernizando e preocupando-se com fatos novos e de amplitude global.

Entre os “novos pecados” estão também as questões da bioética. “(Dentro da bioética) há áreas onde devemos absolutamente denunciar algumas violações dos direitos fundamentais da natureza humana, por meio de experiências e da manipulação genética, cujos resultados são difíceis de prever e controlar', afirmou o arcebispo Gianfranco Girotti em entrevista dada ao L'Osservatore Romano (órgão oficial do Vaticano).

Desde o pontificado de João Paulo II, o Vaticano tem adotado medidas pró- meio ambiente. Além de promover uma conferência para discutir os problemas do aquecimento ambiental e das mudanças climáticas, o vaticano também instalou células fotovoltaicas em seus prédios para gerar eletricidade.

Em tempos em que os danos ambientais devem ser preocupações de todos é louvável as medidas adotadas pelo Vaticano, porém os representantes da fé católica ainda têm muito a alcançarem no quesito modernização, principalmente, no que envolve as pesquisas das células-troncos.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Mais um discurso?

José Eduardo Cardozo assumiu a secretaria-geral do PT recentemente. Ocupando o segundo posto mais alto do partido, o petista, em entrevista dada a Veja, mostra-se consciente dos problemas e dos escândalos envolvendo o PT e afirma só ter assumido o cargo com o compromisso de “defender a instituição do código de ética, o resgate da democracia partidária e a depuração ética do partido”.

Na mesma entrevista, o ex-integrante da CPI dos Correios deu sua opinião a respeito do mensalão. “Vou ser claro: teve pagamento ilegal de recursos para políticos? Teve. Ponto final. É ilegal? É. É indiscutível? É. Nós não podemos esconder esse fato da sociedade”.

Cardozo compartilha ou pelo menos diz compartilhar do mesmo sentimento de justiça do povo brasileiro que assistiu boquiaberto a uma série de escândalos. Ao contrário de muitos petistas, Cardozo não se mostra cúmplice e nem omisso às acusações que rondam o governo e seus aliados: “qualquer desvio ético que um petista cometa tem de ser rigorosamente punido”.

Discursos são sempre bonitos e rodeados de promessas, resta saber se essa honestidade e vigilância serão cumpridas por Cardozo ou se não passam de palavras de alguém que se vê como um futuro candidato à prefeitura de São Paulo, como afirmou já no fim da entrevista.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

“Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler”


Sem dúvida, Markus Zusak inovou ao colocar a Morte como narradora de seu romance, “A Menina que Roubava Livros”. A tão temida figura presente em filmes de terror, livros macabros e em seus sonhos mais terríveis saí de sua imaginação para a sua mesa de cabeceira.

São mais de 400 páginas em que são contadas as aventuras e desventuras de Liesel. O cenário da história é a Alemanha nazista.

Em um contexto político em que as palavras são de extrema importância e o principal instrumento de dominação, Liesel as conhece e se apaixona.

Nos momentos mais difíceis de sua vida, a garota procura nos livros, roubados, a força que precisa para transpor obstáculos.

Durante a narrativa o leitor é lembrado de que não se trata de um simples narrador. Frases como “(...) a guerra começou e minha carga de trabalho aumentou” e “O cemitério me acolheu como uma amiga (...)” te fazem lembrar de quem está diante de você.

Lições de amizade e companheirismo são o toque final do romance que traz entre outros tipos de amores o paterno e o fraternal. Apesar da carga de tristeza, o leitor poderá até se emocionar, porém, a história não se aproxima em nenhum momento dos comuns romances água-com-açúcar que lotam as livrarias, mas que não podem ser considerados literaturas e sim entretenimento. A luta pelo sustento em um país dominado pela crise, a força dos judeus tidos como inimigos em sua pátria e da garota que em tantos momentos teve, além dos livros, a Morte como companheira.

Apesar da história se passar numa época distante de nós é contemporânea no que diz respeito à inovação. Uma ótima leitura para quem gosta de literatura de qualidade.

“Já faz muitos anos desde aquilo tudo, mas ainda há muito trabalho a fazer. Posso lhe jurar que o mundo é uma fábrica. O sol a movimenta, os humanos a dirigem. E eu permaneço. Levo-os embora”, finaliza a narradora.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Cidadania na Rede

O brutal assassinato do menino João Hélio em fevereiro de 2007 é lembrado como o crime que chocou todo o país. Porém, não foi isso que notei nas vésperas do aniversário de um ano da morte do garoto.

Recebi em minha página de recados no site de relacionamentos, orkut, um pedido de ajuda de uma prima minha. No recado, ela pedia que seus amigos denunciassem uma comunidade que brincava e sugeria as maiores atrocidades ao garoto João Hélio.

Para os criadores e para os mais de 3000 internautas membros da comunidade o assassinato do garoto, arrastado por 7km nas ruas do Rio de Janeiro, não passava de um fato banal tratado com tanta, ou maior crueldade que os próprios assassinos de João Hélio.

Na ocasião do assassinato muitos se perguntaram quem teria tanta maldade para cometer um crime tão brutal. Eu também me perguntei. Hoje, vejo que qualquer um dos integrantes dessa comunidade, que usam o orkut como um meio propagador do ódio, poderia ser o assassino de João Hélio.

Apesar de usuária desse site de relacionamentos sempre tive minhas críticas sobre a falta de segurança e privacidade. Mas, acho que é possível usá-lo como um meio de comunicação entre amigos e como um meio de discussão saudável de temas polêmicos como poderia ter sido nesse caso. Há vários temas associados à morte do garoto que poderia ser abordado nesse site de e que não são debatidos com tanto afinco. No entanto, 3000 pessoas perdem o seu tempo e usam de toda sua falta de respeito aos familiares e pessoas que se impressionaram com mais esse crime.

Usei parte do meu tempo numa pequena campanha de denúncia dessa comunidade, que saiu do ar no dia seguinte. Tenho certeza que nem o meu nem o tempo de quem denunciou a comunidade foi perdido. Imagino que essa não deve ser a única comunidade aberta no orkut que usa toda a ironia e criatividade de seus integrantes para disseminar a maldade. Entretanto, todas as que chegarem ao meu conhecimento serão denunciadas. Não me sinto e nem me permito ser cúmplice da falta de cidadania que muitas vezes rondam esse site. Navegar com cidadania é possível.