sexta-feira, 18 de abril de 2008

Eu escrevo cartas, e daí?

Com o advento da internet, o ato de escrever cartas deixou de ser hábito de grande parte da população. Porém ainda há pessoas que valorizam o encantamento da carta, composta por detalhes como um adesivo, uma cor de caneta diferente, um selo colorido ou um papel perfumado. É o caso de Doroti Francisca Rocco, psicóloga há dez anos, que prefere não divulgar a idade.

Nas horas vagas, Doroti fica dividida entre suas duas grandes paixões: a de fazer parte de um emaranhado de pessoas lotando as salas de cinema e a do prazer de escrever cartas. Mas, mesmo quando prefere assistir a um filme, Doroti não deixa de levar um bloquinho de papel e uma caneta para o caso de decidir escrever um bilhete.

“Eu sinto o carinho e o amor de quem escreveu a carta. No e-mail, não percebo tanta emoção. Sinto algo mais frio”, afirmou Doroti, que vai mais longe dizendo que o afeto ultrapassa a escrita da carta. “Até o prazer de ir à caixinha de correspondência ver se chegou algo é diferente do que ligar o computador e ver se você recebeu um e-mail. O ideal seria conciliar as duas coisas, o e-mail e o hábito de escrever cartas”.

Ao falar de seu hábito favorito, a psicóloga lembra do avô que gostava muito de escrever cartas e poesias e a incentivava. “Quando criança, ficava observando e foi assim que adquiri esse hábito e nunca mais parei”.

A psicóloga não é a única a cultivar esse hábito de escrever usando caneta e papel. O advogado Amadeu Armentano Neto, 58, também conserva com carinho sua caneta tinteiro e escreve com freqüência para familiares e amigos que moram perto ou longe. “A correspondência manuscrita permite uma maior proximidade e colocação. Você consegue transmitir as suas vibrações para o papel. A carta transmite o calor humano que o e-mail não consegue”, disse Armentano.

Na linguagem usada nas cartas dificilmente nota-se qualquer sinal gráfico ou abreviação, típicos da internet. “As pessoas trocam mensagens via e-mail de maneira abreviada e absolutamente inconseqüente. Isso para mim é um atalho que leva a lugar nenhum”, declarou o advogado.

Armentano também afirma incentivar seus filhos: “Em casa é quase uma tradição de família os pais deixarem uma carta para os filhos sempre que haja necessidade”.

Tanto a psicóloga quanto o advogado avaliam que o ato de escrever uma carta não irá acabar. Aconselham jovens e adultos a retomarem esse prazeroso hábito que, com o surgimento da tecnologia, foi deixado de lado. Para quem justifica com a correria do dia-a-dia o hábito de enviar e-mails, Doroti deixa seu recado: “Para quem gosta de escrever, sempre há um tempinho”.
*A matéria foi feita para o Jornal Rudge Ramos em parceria com a repórter Kelly Santos.

6 comentários:

Marina disse...

Eu ainda escrevo cartas! Porém tenho que discordar de comentários que dizem que o e-mail não tem a mesma emoção... Depende... Eu fico super ansiosa para receber a resposta de um e-mail e dependendo do conteúdo do mesmo, dá para passar emoção sim, afinal o conteúdo de um e-mail pode ser o mesmo do que de uma carta, o que muda é a letra, a forma de entrega! E para gerações acostumadas com a internet, é possível sim sentir emoção por e-mail!
Mazinha, mais uma vez uma ótima matéria!

Kimera Kenaun disse...

Ah, eu tb escrevo cartas, há uns anos escrevia mais...Adoro, adoro e concordo com a Marina que comentou aqui, um e-mail pode ser carregado de emoção sim, depende de quem escreve, como é lido e porquem....Meus e-mails são verdadeiras cartas, pq escrevo para meus amigos bem do jeito q falo.. ótima matéria Mari!

Renato Sansão disse...

O email está para a carta assim como a Dolly Cola está para a Coca - até mata a sede, mas não tem comparação!

Abraço para a enviada e a correspondente =D

Anônimo disse...

Nunca fui um homem de muitas cartas, no entanto acho fantástico recebê-las! A carta apenas como um objeto já comporta um imenso valor, pois desperta uma série de emoções só em serem avistadas nas devidas caixinhas de correio! O que será? De quem? O que diz? Apesar de não colaborar muito pelo lado da oferta faço minha parte pelo lado da demanda! Apoio e acredito em suas eternidades, digo cartas e Marianna!

Renato Quintella disse...

Estava pesquisando sobre o hábito perdido de escrever cartas e achei essa matéria maravilhosa.

Tinha esse hábito, mas a vida atribulada vai tirando ele aos poucos. Mas o estou retomando! Eu penso que escrever uma carta é quase uma terapia, é pensar que você está tirando aquele momento para a pessoa a quem você está escrevendo e, principalmente, um tempo para você.

Ah, e como é bom receber uma carta, não?!

Parabéns pela matéria. Depois vou dar mais uma olhadinha no blog, gostei dos temas que vi!

Roberta Marinho disse...

A-M-O escrever cartas, pra muitas pessoas e em muito momentos;
escrevo cartas até mesmo pra mim Oo.
Me sinto bem quando pego minha caneta e um caderno, mais infelismente tem bastante tempo que não faço isso... =/ Espero ter animo pra retornar logo.
Mais enfim, acho que q pelo menos pra mim, não à diferença alguma em, mandar cartas ou e-mail...
Gosto dos dois!!