quarta-feira, 15 de julho de 2009

Delícias literárias

Quase todos os dias, sem nenhum motivo, tenho flashes de cenários que só vi em livros. Já estive, por exemplo, na fonte em que Capitu e Bentinho trocaram juras de amor. Já estive no pomar em que Brás Cubas passeou com a menina bonita e coxa: “Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?”.

Um dia desses estava no ponto de ônibus e no quarto da “Senhora” de Alencar. Segundos depois, já estava no esconderijo de Anne Frank.

A literatura tem desses prazeres.

Quando mantinha diários, na adolescência, escrevia sobre meus dias ora com mais ironia e humor, ora com mais melancolia e tristeza. Tudo dependia do estilo do autor que eu estava lendo naquele momento.

A literatura trouxe companhia para a filha única que eu me transformei. Nas minhas férias os livros me levavam para viajar enquanto meus pais trabalhavam.

Há delícias que só a literatura traz.

Gostaria de lembrar mais. Gostaria de lembrar trechos inteiros como fazia o mestre FT ao fechar os olhos no tablado das salas de aula.

Há quem diga que bom mesmo é viver a realidade sem fantasias. Eu discordo. Bom mesmo é viver os dois. E eu vivo.