segunda-feira, 10 de março de 2008

Pecados globais


Não é de hoje que a questão da poluição da Terra toma conta do cenário político- internacional. O protocolo de Kyoto, acordo internacional que objetiva a redução de gases poluentes, é só mais um dos exemplos de projetos que deram pouco ou nenhum resultado. Isso porque os maiores emissores de gases-estufa insistem em não ceder às taxas de redução alegando uma perda significativa dos lucros arrecadados nas indústrias.

Além disso, os governantes não estão dispostos a cuidar das riquezas naturais de seus próprios países e não fazem questão nenhuma de esconder essa escolha. Um exemplo recente disso foi a declaração polêmica do presidente Lula a respeito do constante e cada vez mais preocupante desmatamento da Amazônia: 'O que aconteceu, na minha opinião, eu não sou comunicador, posso estar errado... você vai no médico detectar por que você está com um tumorzinho aqui, e ao invés de fazer biópsia e saber como vai tratar, você já saiu dizendo que estava com câncer”.

A declaração vinda da boca do presidente que, por muitas vezes criticou o não cumprimento do Protocolo de Kyoto, é contraditória. “O dado verdadeiro é que o Protocolo de Kyoto não pode ser uma peça de ficção. É muito fácil assinar documentos e esquecer na gaveta”, disse. Além de suas críticas, o que o presidente também esqueceu é o fato de que apesar da maior parte da Amazônia situar-se no Brasil, sua destruição não afeta somente o país.

Deixando de lado Lula e seu “tumorzinho” e falando das novidades que envolvem as questões ambientais. O Vaticano resolveu incluir a poluição na nova lista de pecados. A medida visa atingir os fiéis que ainda temem os castigos divinos e mostrar que a igreja católica está se modernizando e preocupando-se com fatos novos e de amplitude global.

Entre os “novos pecados” estão também as questões da bioética. “(Dentro da bioética) há áreas onde devemos absolutamente denunciar algumas violações dos direitos fundamentais da natureza humana, por meio de experiências e da manipulação genética, cujos resultados são difíceis de prever e controlar', afirmou o arcebispo Gianfranco Girotti em entrevista dada ao L'Osservatore Romano (órgão oficial do Vaticano).

Desde o pontificado de João Paulo II, o Vaticano tem adotado medidas pró- meio ambiente. Além de promover uma conferência para discutir os problemas do aquecimento ambiental e das mudanças climáticas, o vaticano também instalou células fotovoltaicas em seus prédios para gerar eletricidade.

Em tempos em que os danos ambientais devem ser preocupações de todos é louvável as medidas adotadas pelo Vaticano, porém os representantes da fé católica ainda têm muito a alcançarem no quesito modernização, principalmente, no que envolve as pesquisas das células-troncos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente como o texto nos conduz do inferno (Lula) ao céu (Vaticano)e como divide claramente esses paradoxais mundos ao inserir a interminável discução sobre Kyoto que, neste cenário (texto), cumpre um papel semelhante ao de Tordesilhas dividindo o que é de todos por ninguéns (Lula e Igreja), o problema ambiental! Quanto a ridícula declaração de Lula pautada no desmatamento da Amazonia foi o mais próximo que já vi da ilustre frase de um de nossos ícones da impunidade: "estupra, mas não mata!" - nesse caso é a nossa Amazonia a vítima do descaso!

Marina disse...

quanto a questão da Igreja, acho que em termos ambientais não vai fazer a menor diferença seus pronunciamentos, seu novo "pecado"!!!
Mas incluir consumo de drogas como mais um pecado e a bioética e a posição contra aborto só tem conseguido atrasar, pelo menos aqui no Brasil (que, constitucionalmente deveria ser um ESTADO LAICO), discussões sociais de extrema importância, nas quais infelizmente a Igreja Católica ainda tem influência.

Marina disse...

aliás, o título do seu texto anterior("Mais um discurso?") bem que caberia nesse sobre os "Pecados Globais"...