Há um cesto de lixo no meu quarto. O coitado nunca viu nem um sinal de lixo, nem uma bolinha se papel sequer. Os rascunhos continuam ao lado do computador, junto com os lenços de papel usados. Sempre o encaixo na cabeça enquanto digito, o uso de chapéu quando estou sozinha.
Compramos juntos. O seu é preto, o meu é branco e eles estão mais distantes do que nunca agora. Racional como você é, já o usou muitas vezes. Já encheu de lixo, talvez até as minhas fotos e cartas tenham passado por ele. O meu não sai da minha cabeça assim como todas as outras coisas que me lembram você.
Ele pressiona minha cabeça e dá uma sensação gostosa, parece que vai escapar, mas não escapa. Com você também foi assim durante muito tempo, embora a sensação de fuga não fosse tão boa assim. Pressionava, ameaçava escapar para que eu te usasse de acordo com a função que você tinha na minha vida, mas não escapava.
Você precisava ser alimentado assim como o cesto de lixo. E eu ali, fabricando muito alimento, engordando cada vez mais seu conteúdo, mas sem jogar dentro de você. Todo mundo via, eu mostrava pra todo mundo, só você que nunca sentiu o gosto.
Eu acho mesmo que eu preciso aprender a usar meu cesto. Vai que um dia ele escapa ou enferruja.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
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2 comentários:
Muito, muito, mas MUITO bom. Texto só sai assim pq vem do coração.
Parabéns, Mari! E se o cesto enferrujar, é porque faltou ser usado. =D
ai q triste...
mas gosto de analogias =)
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