segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Palpiteiros virtuais

Sempre me incomodei com as sugestões de outros itens de compras que saltavam da tela todas as vezes que eu pesquisava um produto na internet. Incomodava-me porque não respeitavam a singularidade de cada comprador. Não é porque pesquisei o CD do Chico Buarque que necessariamente eu vou gostar do Caetano.

Chatices a parte, eu imagino que a ferramenta deve alavancar horrores as vendas. Não porque a chance de acerto é grande, mas porque joga na cara do comprador outros produtos que ele pode levar por impulso ou para presentear alguém.

Fiz o teste no site da Americanas, cliquei aleatoriamente em uma de suas ofertas, a coleção de livros de Stephenie Meyer (Crepúsculo, Eclipse, Lua Nova, Amanhecer). O site exibiu como produtos semelhantes os livros de receita da Dona Benta e a coleção de Chico Buarque. De semelhantes, os livros só tinham o formato de coleção.

Claro que alguém que lê Meyer pode ser apaixonado por culinária ou ter um gosto mais refinado nas horas vagas e ler Chico Buarque. Mas ainda acho que esse recorte não abrange tantos compradores.

A reportagem “A Ciência do Palpite” da Veja dessa semana me tranqüilizou. A matéria mostra que os cientistas da computação já estão preocupados em apurar esses sistemas de recomendações. Prova disso é que o site americano de aluguel de filmes NetFlix oferece o gordo prêmio de 1 milhão de dólares para quem conseguir melhorar em 10% a precisão de seu sistema de recomendações.

Pelo valor da recompensa já dá para imaginar o quanto o site pretende lucrar, mas o lucro também será dos clientes que não serão mais bombardeados com opiniões de vendedores virtuais semelhantes a muitos que encontramos em lojas físicas que sugerem por sugerir na tentativa de chutar um produto para engordar a sua sacola.

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