sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Algum dia de Dezembro

Eu podia estar matando, roubando, mas eu estou pensando em você. No meu sonho dormido você estava doente, no meu sonho acordado você estava sendo atropelado. Imagino situações que poderiam cruzar nossos destinos, situações absurdas, situações que te atropelam.

Se você fosse atropelado na minha frente eu poderia te ajudar. Poderia cuidar de você, segurar sua mão e falar que tudo ficará bem. Mesmo que eu não tivesse certeza de nada. E eu poderia chorar. Chorar pela hipótese de nunca mais te ver. E eu poderia fazer por você o que eu nunca fiz.

E depois que ficasse tudo bem, eu poderia te entregar para todas as pessoas que me odeiam e nunca mais falar com você de novo. Mas teria feito o que nunca fiz, chorado por você as lágrimas que nunca chorei, provado que eu sou capaz de cuidar de você, que eu não sou mentirosa. Quem sabe todo esse remorso sumisse aqui de dentro.

O carro não podia te matar. Teria que deixá-lo tonto, de uma forma que você não pudesse recusar minha ajuda. Quando você acordasse lembraria de mim, quem sabe até chamaria meu nome. Quem sabe recuperaria a versão romântica que tinha de mim. Quem sabe esqueceria que quase foi atropelado uma vez por minha causa.

Um comentário:

Kimera Kenaun disse...

vc precisa parar de ficar jogando as pessoas no meio da rua, mari. Isso te deixa com a conciência pesada.